Webinar Acessibilidades no Domínio do Espaço Público junta especialista sobre a temática
A Junta de Freguesia de Alvalade, através do Grupo de Trabalho de Acessibilidade da Comissão Social de Freguesia de Alvalade, realizou na passada terça-feira, dia 22 de fevereiro, o webinar “Acessibilidades no Domínio do Espaço Público”, que promoveu o debate e a troca de ideias sobre o tema proposto, aplicado à cidade de Lisboa e à Freguesia de Alvalade em particular.
O momento contou com a participação de representantes das entidades que mais influência têm na temática da mobilidade e acessibilidade na cidade de Lisboa. Desde a Câmara Municipal de Lisboa, passando pela EMEL, Carris e Metropolitano de Lisboa, e terminando na Associação Salvador e na própria Junta de Freguesia de Alvalade, os intervenientes destacaram projetos de referência no espaço da freguesia, intervenções futuras com vista à melhoria das acessibilidades, serviços disponíveis e dificuldades encontradas por quem tem mobilidade reduzida ou condicionada. Esta última condição foi especialmente enfatizada por Joana Reais, Gestora de Projetos da Associação Salvador, a quem o moderador Diogo Martins, consultor na área das acessibilidades e representante do Grupo de Trabalho de Acessibilidade da Comissão Social de Freguesia de Alvalade, passou a palavra em primeiro lugar.
“O trabalho que se tem realizado neste grupo tem como mote contribuir para que a freguesia seja mais acessível e para que haja uma cidadania participativa. Este grupo disponibiliza-se para, junto das entidades competentes, encontrar soluções”, começou por afirmar Diogo Martins. Já Joana Reais destacou alguma falta de eficiência nas obras públicas, que obrigam muitas vezes a trabalho redobrado, e apresentou, através de imagens, vários exemplos de boas e más práticas no que toca à mobilidade e acessibilidade em espaço público. A sua intervenção terminou com a revelação de um projeto que a Associação Salvador está a desenvolver junto da Câmara Municipal de Lisboa, e que pode vir a colocar o Bairro de Alvalade, ou outro da cidade, como bairro modelo nesta matéria.
“Estamos a desenvolver um selo de acessibilidade junto da CML, de forma a categorizar espaços públicos e privados. Estamos a criar esta forma de categorizar e ajudar o cidadão, com e sem deficiência, a reconhecer estes bons exemplos. Estamos também em reuniões para definir um bairro modelo ao nível das acessibilidades na cidade de Lisboa. Sabendo todas as dificuldades, talvez possamos encontrar soluções num bairro e dessa forma ele tornar-se bairro modelo, com o objetivo de que no futuro já não seja necessário haver um bairro modelo porque todos serão acessíveis. Quem sabe seja o Bairro de Alvalade!”, concluiu.
De seguida foi a vez de Maria Coutinho, Técnica Superior da EMEL, que trouxe à mesa o projeto Voxpop. Maria Coutinho é Designer de Serviços e acabou por destacar que uma das particularidades do Voxpop, um projeto europeu de inovação digital do sistema de mobilidade urbana da cidade de Lisboa, é dar voz decisiva aos utilizadores dos transportes públicos da cidade.
“Estamos a falar de pessoas com mobilidade reduzida, crianças, mulheres grávidas. Este projeto prevê o envolvimento da população nas decisões”, enfatizou antes de passar a palavra ao Engenheiro Nuno Novais Cruz, do Metropolitano de Lisboa, que trouxe novos projetos de acessibilidade na linha do metro no território da freguesia de Alvalade, em particular a implementação de novos elevadores de acesso a cais e átrio em algumas das estações ainda não dotadas deste equipamento.
Já Vasco Matos, da Carris, afirmou que a entidade que representa “tem uma preocupação desde sempre com esta matéria, em todas as suas aquisições tem estado atenta às questões de acessibilidade, nomeadamente de pessoas com mobilidade reduzida”.
“A Carris não teve durante muitos anos a hipótese de continuar o processo de renovação anual da frota e isso teve os seus efeitos na prestação de serviço. Em 2018 voltámos para o domínio da Câmara Municipal de Lisboa (CML) e em 2017 iniciou-se um processo de renovação da frota, ainda em curso, e que esperamos que se prolongue no tempo (…) 76% da nossa frota está equipada com condições de acessibilidade total. A renovação de frota prevê ainda que todos os autocarros adquiridos mantenham esta tendência. Apesar de ainda não conseguirmos ter toda a rede 100% acessível, esse é o objetivo a alcançar o mais rapidamente possível. Além disso, temos no nosso site identificadas as carreiras que estão dotadas de autocarros com rampa” enfatizou antes de apresentar algumas obras que têm sido levadas a cabo em parceria com a CML e que apresentam soluções de mobilidade, principalmente nas saídas e entradas dos autocarros.
“Além de toda a renovação da frota do serviço regular em curso temos desde há alguns anos um serviço Porta-a-Porta de transporte especial, dotado de novas viaturas com fiabilidade de praticamente 100%”, concluiu passando por fim a palavra a Luís Mesquita, da Unidade de Intervenção Territorial da CML, e a João Santos, Chefe da Divisão de Equipamentos e Espaço Público da Junta de Freguesia de Alvalade.
Ambos focaram as suas apresentações em intervenções que têm vindo a ser realizadas no território de Alvalade, com o objetivo de melhorar a mobilidade em espaço público.
“É importante que na redefinição do espaço público haja uma correta definição do espaço destinado ao peão e aos restantes modos de mobilidade”, referiu João Santos, que terminou elencando as mais variadas intervenções executadas nos últimos anos, como sinalização de zonas 30, rebaixamento de passadeiras e colocação de piso tátil, dissuasores de velocidade, reforço de sinalização vertical e horizontal e reforçando ainda a importância dos pavimentos pedonais.
“Nós sempre que possível preferimos a colocação de pisos confortáveis, de betão “in sito” ou poroso, nomeadamente em espaços verdes, em que colocamos sempre caminhos contínuos”, concluiu.