Bairro das Estacas recebe obra de arte urbana da autoria de Robert Panda
“Progresso na Carreira” é o nome da instalação artística que esta manhã surgiu no Bairro das Estacas. Robert Panda é o autor, que enquadra este projeto num contexto que “incorpora uma visão crítica daquilo que é a progressão natural de uma vida contemporânea, desde criança a adulto”.
Segundo o autor, as figuras antropomórficas estilizadas e amigáveis, “confrontam-nos com três principais cenários de (des)evolução que completam um processo ininterrupto de assimilação. O primeiro (figura vermelha), instalado junto ao Parque Infantil, assinala a ausência de consciência, um estado de natureza profundamente corruptível. O segundo (figura amarela) remete para o início da queda, o começo de uma compreensão previamente aceite de um estado de estupidez lúcido, mas em indecisão. Já o terceiro (figura azul), instalado nas traseiras do Mercado Jardim, materializa o alívio da integração, acompanhado pela expressão vazia de uma incapacidade, ou falta de vontade, de quebrar com um ciclo interminável que valoriza tudo menos a autodeterminação”.
Robert Panda apresenta esta obra como um “retrato da estupidez como uma carreira, marcada por momentos sucessivos de consciencialização, seguidos pela facilidade da não-decisão, do não-pensamento. Uma aprendizagem gradual, mas implacável, consolidada, aplaudida e até recompensada, nem que seja através de contratações efectivas, ou dos tão desejados aumentos de salário. Por fim, o cego a guiar o cego, e o estúpido a levar quem não quer ver”.
Recordamos que o Bairro das Estacas, um espaço emblemático dos anos 50, aguarda neste momento a conclusão do processo de classificação dos emblemáticos edifícios, desenhados por Ruy D’Athouguia e Formosinho Sanchez, que gozam desde já da mesma proteção legal que outros bens patrimoniais classificados. Entretanto, avançaram obras de requalificação dos logradouros, numa intervenção financiada pela Câmara Municipal de Lisboa e executada pela Junta de Freguesia de Alvalade, que vieram permitir uma reorganização do espaço público, também ele originalmente pensado por um nome emblemático da arquitetura, Gonçalo Ribeiro Telles. Agora, os logradouros dispõem de mais quatro mil novos exemplares herbáceos e arbustivos, um novo parque infantil, duas zonas de estadia, assim como uma maior permeabilidade do solo.
Quanto ao mobiliário urbano foi preservado e requalificado, assim como outros elementos distintivos, como um icónico jogo da macaca existente no espaço. Os caminhos que atravessam os logradouros foram também eles intervencionados, proporcionando agora mais conforto e segurança, com as principais vias a receberem betão poroso.
Esta obra estará brevemente integrada na Rota de Arte Urbana criada pela Junta de Freguesia de Alvalade, que conta até ao momento com 18 obras. Saiba mais aqui.